Situada numa zona aplainada, com declive suave e contínuo até à linha de costa, a cotas que variam entre os 50 e os 90 metros, a freguesia de Febres estende-se por uma área de 2243 ha, assente geológicamente em dunas e areias eólicas que formam a extensa planície da Gândara. Febres localiza-se a meio caminho entre a sede de concelho, Cantanhede, distante 7 Km, e outra vila sede de concelho Mira. O conjunto da freguesia compõe-se de lugares que dão por nomes como Balsas, Arrancada, Pedreira, Barracão, Lagoas, Cabeços, Serredade, Sanguinheira, Chorosa, Sobreirinho e Fontinha. A freguesia pode orgulhar-se de um passado de muitos séculos, ombreando quase com as primitivas terras da Nacionalidade, como se pode comprovar pelas referências documentais aos seus lugares de Balsas e Arrancada datadas de 14 de Dezembro de 1271 e 25 de Novembro de 1311. Contudo, sendo antiga a sua existência, é bem mais recente a sua autonomização face à vizinha freguesia de Covões, na qual esteve integrada. Aliás, as vidas e histórias de Covões e Febres confundem-se até ao dia 19 de Outubro de 1791, data em que é oficialmente registada a separação das duas freguesias, através da sentença, final e definitiva, de "demarcação dos confins para evitar contendas futuras" mandada elaborar pelo Desembargador Promotor e realizada pelo Arcipreste e seu escrivão, concluindo-se assim um processo de reivindicação de independência, face a Covões, iniciado a 4 de Maio de 1790, com um requerimento enviado ao bispo de Coimbra por um conjunto de figuras gradas dos vários lugares que pretendiam então constituir-se em freguesia. No dito requerimento reivindicava-se também a elevavação da capela de Nossa Senhora das Febres, a igreja matriz, propondo-se assim também a separação da paróquia de Covões, uma vez que o pároco não conseguia prestar assistência espiritual aos "fregueses" e a igreja de Covões ser distante. Contudo, após a separação, mantinha-se a igreja de Covões com direitos sobre a de Febres, sendo esta como que uma filial da primeira, situação que só terminaria com o advento do regime liberal, já no final do primeiro quarto do século XIX. O nascimento da capela e do nome da freguesia muito se devem ao local onde terão surgido as primeiras habitações, no antigo lugar de Boeiro, nome depois substituido pelo actual, local alagado, propício ao aparecimento de focos de doença, febres ou sezões. Febres, seria, pois, o nome a Nossa Senhora que apadrinharia a construção da capela. Nascia assim um centro de devoção religiosa e de romaria, que atrairia forasteiros da região e mesmo doutras como seja, por exemplo, a vinda de muita gente do Baixo Mondego. Esta movimentação de gentes atrairia também pequenos comerciantes, com o fito de oferecer à bolsa dos romeiros os bens necessários para a estadia e actos de devoção. Muitos desses comerciantes acabariam por se fixar em Febres, adquirindo os terrenos circundantes para a prática da agricultura.
Orago: Nossa Senhora da Conceição
População: 5.475 habitantes
Actividades económicas: Agricultura, ourivesaria, relojoaria, pequena indústria e pequeno comércio
Feiras: Mercado semanal (domingos)
Festas e romarias: Nossa Senhora das Febres (2.° domingo de Setembro), Senhora dos Aflitos (1.° domingo de Setembro), Santa Teresinha (último domingo de Julho) e Senhora da Saúde (último domingo de Setembro)
Festas e romarias: Nossa Senhora das Febres (2.° domingo de Setembro), Senhora dos Aflitos (1.° domingo de Setembro), Santa Teresinha (último domingo de Julho) e Senhora da Saúde (último domingo de Setembro)
Património cultural e edificado: Igreja matriz, monumento aos Ourives, Capela da Fontinha e lavadouro público
Outros locais de interesse turístico: Lagoa dos Coudiçais (Cedros) e centro da vila
Gastronomia: Leitão, chanfana e frango de churrasco Artesanato: Ourivesaria e relojoaria
Constituída através do desmembramento da freguesia de Covões em 1791. da qual recebeu alguns lugares, Febres e Boeiro, ou simplesmente Febres, deve o seu nome ao facto de aí terem existido diversos e variados boeiros e riachos. Certo, é que Febres e Boeiro foram em tempos Freguesias independentes, unidas civilmente em proveito de ambas.
Não se sabe muito sobre esta freguesia. Já "O Marialva", Boletim Informativo de Cantanhede, em 1963, se queixava do facto de o "Portugal Sacro e Profano" quase não referir Febres: "A área importante da freguesia, a fertilidade dos seus terrenos, a boa índole dos seus habitantes, merecem referência mais detalhada. Mas os mestres foram lacónicos, e nós não poderemos alongar-nos muito." Diz ainda aquele periódico: "Nasceram nesta freguesia e dali partiram para a sua peregrinação os célebres malas-verdes (ourives ambulantes), que, mais tarde, dariam origem às orgulhosas ouriversarias de hoje, espalhadas por todo o país, África e até Brasil - que, já hoje, não são só o orgulho da freguesia, mas sim do concelho de Cantanhede e dos concelhos vizinhos, Mira e Anadia." A diáspora febrense, dizemos nós... De ouro é também a igreja paroquial. No sentido figurado... O anterior templo paroquial era muito antigo, apesar de não se conhecer a data da fundação. Foi demolido e, em sua substituição, erguida noutro local, distante 150 metros, a actual Igreja. O estilo arquitectónico manteve-se, o que se alterou foi a elegância e o prospecto exterior. Em honra de Nossa Senhora das Febres, tem festa anual com romaria, a 8 de Setembro. A nível cultural, é esta uma freguesia muito dinâmica. O destaque vai para a ACRAC (Associação Cultural e Recreativa os Amigos da Chorosa), a ARCAF (Associação Recreativa e Cultural Amigos da Fontinha), a AURI NEGRA (Cooperativa de Informação e Cultura, C.R.L.), o Clube Desportivo de Caça e Pesca de Febres, o Corpo Nacional de Escutas, o Febres Sport Club, a GIRA SOL (Associação de Desenvolvimento de Febres), a JUF (Jovens Unidos de Febres), o Rancho Folclórico "As Cantarinhas da Fontinha” e o Rancho Folclórico "Rosas de Maio" (Associação Recreativa e Cultural). Desapareceram do panorama associativo de Febres, infelizmente, a Associação de Classe dos Ourives, Feirantes e Comerciantes, o grupo de música tradicional Ó Ai Linda e a Auri-Negra, rádio livre tornada pirata pelos senhores responsáveis pelo espectro radiofónico Nacional.
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